Carlos Cavallini
O álbum de estreia do cantor e compositor Carlos Cavallini, “O Tamanho do Tempo”, foi produzido por Ricardo Dias Gomes e Domenico Lancellotti que também colaboram como instrumentistas em todas as faixas. Além disso, contou com a participação de destacados artistas como Pedro Sá, João Erbetta, Davi Moraes, Aquiles Moraes e Jonas Sá que, juntamente com os produtores, arranjaram as canções para o projeto. A acordeonista, cantora e compositora Celina da Piedade enriquece uma das faixas deste álbum, “O Que Me Faz Bem”.

"O Tamanho do Tempo" é um mergulho na riqueza da música brasileira, refletindo uma diversidade de influências musicais. O álbum reúne uma seleção de 12 das diversas composições que Carlos Cavallini acumulou ao longo de sua vida e que agora se agrupam no seu primeiro trabalho.

📸 Christopher Michael Heisler


ficha técnica:
"o tamanho do tempo"

música e letra: 
carlos cavallini

produzido por: 
ricardo dias gomes
domenico lancellotti

mixado por:
zé nando pimenta na arda recorders 
masterizado por:
martin scian

edições:
gil fortes e ricardo dias gomes

preparação vocal:
nani medeiros

capa e design gráfico:
quinta-feira

pedro sá
jonas sá
joão erbertta
aquiles moraes
davi moraes
ana santos
tori medeiros
joshua
part. especial: celina da piedade

gravado na cave, em lisboa.


PRESS RELEASE

CARLOS CAVALLINI APRESENTA DISCO DE ESTREIA O TAMANHO DO TEMPO

Atento ao que nos faz bem

                                                     
Ivan Lima
                                              @oquecresciouvindo

Em seu disco de estreia “O Tamanho do Tempo”, Carlos Cavallini contempla a imensidão do tempo e do mar com minimalismo do eu, enaltece os horizontes dos infinitos amores e nos oferece amizade por todo o percurso da obra. 
Imenso céu e sempre mar. 
Infinitos desertos, ondas e caminhos em que estaremos de alguma forma no tempo. A primeira viagem de Carlos Cavallini em disco é muito do mundo, do eu; condensa bastante de experiências dos sons e sentimentos que viveu, afinal o primeiro disco é sempre um apanhado de composições e experiências de épocas diversas que levaram o artista até uni-las em estúdio. Há beleza de muitos momentos e sabores a cada faixa, numa obra que se abre com o mar e sua imensidão. O mar para Carlos começou em Vitória, onde nasceu no Brasil e virou cais em Lisboa, onde resolveu aportar há 15 anos.
Ao longo da obra que nos cria, recria e nos mergulha em mares tranquilos, o tempo é protagonista em um cenário para audição de um disco que nos conecta com tantos abraços. No ar, no espaço, nas pessoas e na natureza. As 12 faixas são 12 elos entre si e entre quem as ouve. 
Agradecimento e contemplação à beira de águas intermináveis abrem “O Tamanho do Tempo”. Apresentar-se como chuva, obediente ao vento, e se reconhecer como muito do que parece ao ouvinte, é começar o percurso do disco já a dizer um pouco sobre sua alma. Em “Sempre Mar”, Carlos não esconde o ‘eu’, ao contrário, nos oferece a face mais interior do seu sentimento e criatividade. A doçura de apreço nas palavras namora com os sons enquanto sintetizadores e as guitarras de João Erbetta nos transportam de Lisboa às paisagens sonoras e tranquilas do Ceará. 
Referências com sopros suaves nos lindos arranjos de trompete e flugelhorn do talentoso Aquiles Moraes enlaçam “Natureza”(segunda faixa do disco). A sequência sonora doce entre influências do Cidadão Instigado às baladas Soul de Cassiano traz reconexões poéticas entre parte de um todo humano à sua mistura com a natureza. ‘Ser capaz de estocar amor pra depois distribuir’ é promessa da segunda faixa que se cumpre na audição e nas canções subsequentes. 
A produção musical e os arranjos de Ricardo Dias Gomes e Domenico Lancellotti são delicados, criativos e multiplicam os significados das canções para seguir o seu enlace. Essa linguagem não-verbal sensível da dupla é fundamental para a compreensão da narrativa de ‘O Tamanho do Tempo’. 
Se em muitos momentos a obra se enlaçará com o contemplar da natureza, em outros se mostrará cosmopolita com a doçura poética de estar atento, mesmo nas grandes cidades e suas dinâmicas mais complexas, aos detalhes mais delicados sobre as relações e sentimentos humanos. Isso se reflete em violões das referências interioranas do Brasil até as baterias e arranjos a la Strokes e Weezer. 
Em “Nem Todo Mundo”,o dedilhar com assinatura de Davi Moraes abre espaço para a voz de Carlos visivelmente influenciada por Calcanhotto e Caetano. O compositor desforra muito daquilo que construímos utopicamente sobre nós e os outros, discutindo questões sobre convivência e cotidiano – “nem todo mundo entende, nem todo mundo aprende”.
“Na Pele de Nós Dois” é canção de união da parte para o todo, da entrega do ser ao mundo que colore o universo do existir.  Versos dentro do amor que apontam para a beleza de nos examinarmos como um pedaço de tudo que vemos, vivemos e sonhamos; uma pele de amor para dois ou para dez milhões – “Eu nasci tela sem nada, fui pintado por tanta gente que me amou”.
Em “Abraço-Canção”, o mundo que há em cada um de nós se reconhece nos seus versos. A música e suas palavras tanto nos afagam quanto nos fortalecem; um abraço que é recíproco. Como a abraçamos e como sentimos seu afeto, é um lugar que “existe um sol pra cada um”. 
“O Que Me Faz Bem” é a faixa que, pelo título e pelas vozes, sintetiza o sentimento do disco. O bem de partilhar os lugares, os sons.  É música que anuncia o que nos faz sentir. Nos faz “ter os pés na areia e a cabeça no lugar” e nos dá “paz nos finais de tarde junto ao mar”. O aconchego do acordeom e da voz de Celina da Piedade pousam no disco como gaivotas sensíveis nas praias portuguesas. A suavidade do canto multiplica o encanto trazido por ela em temperos sonoros portugueses e outras referências melódicas do mundo ibérico. O mesmo acontece com o delicado e assertivo violino de Ana Santos. 
Amizade é um tema transversal na obra de Cavallini. “Querido Amigo” é um remansoe umcuidado em forma de balada cadenciada como um café de fim de tarde. A atmosfera sonora de solidariedade e carinho é desenhada cuidadosamente, mais uma vez, por Aquiles Moraes. É impossível não ouvir a canção e não sentir conforto e abrigo “que eu quero levar comigo, para sempre guardar”.
E se tempo e amizade são matéria-prima para a criação sonora do disco, a arte delicada e profunda de Tonho Quinta-feira captura e amplia os sentidos dessas canções nas ilustrações. Poucas capas e projetos visuais conseguem representar tão bem o universo de uma obra como os traços feitos para a arte de “O Tamanho do Tempo”.  Das cores aos riscos, o despertar visual do disco é diálogo preciso entre olhar, ouvir e sentir. 
“A Grande Beleza” é uma balada entre o samba e o soul.  É possível sentir as palavras degustando seu ritmo recheado de referências de Tim Maia, Cassiano e, em alguma medida, Sandra de Sá.  É outra canção que costura ao álbum um ponto poético referenciado pela simplicidade do poeta Manoel de Barros – “eu gosto do que é simples (...) a grande beleza está aqui nas pequenas coisas, no grão de areia” 
 “Casa É Onde O Corpo Está” é a mais cosmopolita das canções. Traz uma paisagem sonora e versos que nos transportam para cenários do romance de Mário Vargas Llosa, “Travessuras da Menina Má”, e assenta que mesmo longe de pessoas e lugares, estamos perto de nós. A referência à Lygia Clark sobre casa e corpo evidencia essa condição e um bonito equilíbrio entre casa, corpo e mundo.
Caminhos e lugares desfilam no disco mesmo sem precisarem ser reconhecidos. Sentimos vibrações de espaços com carinho sem precisar saber exatamente onde estamos. Esse é um recurso transcendental da arte que, em “Eu Sou Daqui”, Carlos finca seu lugar em sonhos, abraços e manhãs. É de onde ele e nós escolhemos ser. 
“Palavra” é canção pelo e para o verso. A palavra que vai e vem, oferece e constrói sortes. A metalinguagem nas sílabas e na criação sonora com distorções de uma guitarra sensibiliza o ouvinte para recurso da criação pelo verbo e pelo som. Pedro Sá tem dedos encantados para construir arranjos e improvisos que enlaçam o som à atmosfera da palavra. É como se sentíssemos em som aquilo que acabamos de ler. É uma bonita troca entre idas e vindas da palavra pelos solos e dos solos pela palavra. 
“O Tamanho do Tempo” tem canção homônima como a escolhida para ser a derradeira. Seus versos discorrem sobre o inevitável amanhecer e a melodia nos balança nas redes do destino. Referências sonoras de orações ao tempo de Caetano Veloso, traços dos violões doces específicos em “Quanta” de Gilberto Gil, e o embalar de cantos do paulistano Renato Braz são visíveis na despedida física do disco. 
O mundo nos oferece mais do que merecemos? O título prenuncia o tamanho da obra e a última canção ratifica o alerta. Quem se atreve a dizer onde começa e termina o tempo? Quem dirá como começa e termina um disco como esse de remanso, embalo, abraço e infinitos? 
Isso é a arte, e nesse caso, produssumo do coração de Cavallini, nascido no tempo e oferecido ao mundo como passagem e abraço-canção.